As Minhas Ilusões:
Hora sagrada dum entardecer
De Outono, à beira-mar, cor de safira
Soa no ar uma invisível lira...
O Sol é um doente e enlanguescer...
A vaga estende os braços a suster,
Numa dor de revolta cheia de ira,
A doirada cobeça que delira
Num último suspiro, a estremecer!
O Sol morreu... e veste luto o mar...
E eu vejo a urna de oiro, a balouçar,
À flor das ondas, num lençol de espuma.
As minhas Ilusões, doce tesoiro,
Também as vi levar em urna de oiro,
No mar da Vida, assim... uma por uma...
Florbela Espanca
Dedicado a Manuela Ferreira Leite
sexta-feira, novembro 21, 2003
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